sábado, 3 de abril de 2010

PreZenza


O Lapa não demorou muito a chegar. Na verdade, o tempo corria à galopes.

A tarde tava tão quente. Eu tava tão suado. O bar tava vazio.

Sentado no meu lugar de sempre, deixei que o vento secasse minha rosa encharcada. Acho que pela primeira vez, vi um ônibus como meio de transporte, simplismente. O que me ocupava era quanto tempo levaria para chegar. Eu não sabia.

Não sabia do engarrafamento que me esperava na Bonocô.

"Engarrafamento é apelido."

Duas horas esperando por uma greve não anunciada. Vendo carros atropelando canteiros, carteiros.

A impaciência fazia o calor aumentar e as coisas derreterem mais apressadamente. Hora inoportuna pra tais sensações. Inspirei.

De olhos fechados era melhor. Me lembrava das trevas flutuantes e voltava a me ouvir. Só que o rosto que eu agora via era o de uma senhora, doente, rindo. O frio de dentro se fez mais forte que o calor insuportáveL e, por um momento, viajei.

Não estava mais ali e nem queria. Já estava longe.

Estava mesmo. O ônibus andara e eu nem percebi. Desci. Andei. Andei.


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